11 abril 2007

Minha Querida, Lucy

Até onde penso, por minha conta e risco, com toda a certeza, você ouviu isto mesmo e eu concordo! Somos todos extremamente carentes de algo, sob algum aspecto, por algum motivo. Nada disto tem a ver com o modo como desenvolvemos nossos papéis na vida. Pouco importa se somos bons ou maus profissionais, se desempenhamos bem nossos compromissos de pai, mãe, marido, esposa, alunos, professores, amantes, namorados, religiosos ou enganosamente ateus, ou ainda, se somos ou não caridosos, ou um mar de egoísmos.
Tem a ver, sim, com o que somos muito antes de tudo isto: homens e mulheres. Suposta e criminosamente instados a se considerarem antagônicos e/ou complementos dependentes de um e outro, quando somos entes dissociados e únicos, sem o viés esdrúxulo da superioridade de um sobre outro.
Nós estamos sempre sendo empurrados para nos considerarmos diferentes (no que somos iguais), e ao mesmo tempo, para que pensemos ser diferentes, naquilo que somos iguais. É uma armadilha da vida. Ninguém foge dos seus quereres e das suas próprias carências e fantasias. Seja lá o que tenhamos aprendido e exercitado, só nos sentiremos plenos quando encontramos um parceiro ou uma parceria, que nos permitam, sem críticas, sem cobranças, sem pretensões de nos mudar ou dominar e sem julgamentos, exercermos a nossa liberdade e tenham sobre isto o respeito que seguramente nos exigiriam também.
Porém, ao contrário, do que nos vendem e receitam – em belos ppt's ou pp's e em alguns filmes bem apresentados – inexistem situações perfeitas e duradouras.
Acredito que somos muito mais felizes com nossos aborrecimentos e desconfortos, que nos marcam sem subterfúgios e nos fazem querer melhorar, do que vivendo as delícias do pleno e do feliz – que existem, sim, senhor, com toda a certeza - como se fossem coisas eternas.
Estes períodos de felicidade vêm daquilo que o nosso íntimo pede e que nós alcançamos, por menor valor e sentido que imaginemos que possuam, ou que os outros entendam. E devem ser muito bem aproveitados!
Somos muito melhores contrariados e menos prepotentes, quando conseguimos rasgar os véus dos nossos medos, saltar os muros das nossas prisões e partir para ofertar os pulsos, aos dominadores que bem entendermos. Nunca estaremos totalmente livres e jamais seremos permanentemente, felizes. Porque "nunca" e "sempre" são invenções que nos impingem e que saímos repetindo.
Mas ter o respeito de poder escolher nossos algozes e sofrer dos nossos próprios enganos têm muito mais consistência, do que "mentiras de amor à Luz da Lua".
Nossa longa vida – seja o tempo que dure - é uma sucessão de momentos, não os entregue a outrem. Tome-os, pois eles lhe pertencem. Por favor, jamais se considere menos importante do que qualquer coisa que sinta, seja de dor ou de alegria. Não se sinta culpada ou inferiorizada de ser uma pessoa carente. Mentem ou disfarçam muitos bem, os que dizem o contrário.
A Rede não nos torna melhores ou piores do que já somos, mas nos dá a sensação que podemos ir mais longe e/ou mentir – ainda que acreditemos como verdade o que pensamos que somos ou podemos ser e, por isto contemos aos outros – para sermos felizes.
Se assim for, saiba que ouvir e gostar do que eu digo, não resolverá seus problemas de carência: apenas poderão atenuá-los. Você, sem dúvida, pode e conseguirá.
Eu não sou mais, nem menos feliz do que qualquer mortal. Como todos nós, sou melhor de discurso do que de atitudes. Se você consegue ser diferente disto, meus parabéns!
Um dia nos encontraremos e você me ensina, o valor de tudo que você é e de tudo que fez para resolver-se. Quando acontecer, não deixe para trás seus erros ou supostos defeitos, traga-os com orgulho e até arrependimentos – se for o caso – pois vou mostrar a você que com eles, você é muito mais passível de ser amada.
Ah! Tenho certeza de que o que você sente vai passar e, nisto, não estou sendo douto nem mágico, apenas realista. Porque a virtualidade jamais teria sentido, sem a sua dose de expectativa de realidade!
Um beijão imenso e tenha uma bela semana!
Adoro vocêeeeeee.
Cuide-se Lucy, que gente ainda se vê por aqui!

Contador