10 dezembro 2006


ESPORTE: A CONSAGRAÇÃO DO RISCO DE MORTE
"Para tudo há um tempo, menos para as surpresas!" (Autor Próximo).
Airton Leite de Moraes – e-mail:
esports@terra.com.br

O "Esporte é Vida" já foi um slogan plenamente aceito na linha da celebração da vida e que se propagava como fundamental à prática desportiva. Hoje, acompanhando a modernidade e as atuais circunstâncias do ambiente social, o esporte que já foi "vida" é aceito com maior preponderância e glamour, se contiver altos graus de risco de morte. Apesar de sempre estar sujeito a tanto – risco calculado, fatalidade, etc. – não se celebrava a atividade pelo seu hodierno e antagônico lado radical.
A falta de balizamento nos princípios pessoais da juventude e suas projeções no ambiente coletivo, pouco cobrados e mal permitido aos jovens, por descritérios adultos, levam para situações que eles têm menos apego à vida alheia e às próprias. Drogas, má educação e outros fatores concernentes ao viço físico, simbologias e alienação induzidos, conduzem-nos para um abatedouro maciço. Morrem aos magotes, em tenra idade. Quanto mais expectativa de vida existe, menos usufruem.
O esporte então se dobra ao contexto. Muda frontalmente de percurso e vai estimular e sedimentar cada vez mais que a adrenalina é o fiel da sadia convivência. O grande barato é desdenhar da vida. Legitimada assim, apoiada pela indústria de serviços, sob o olhar comercial exposto em palcos cada vez mais sofisticados, os jovens se "preparam para a vida". É mais fácil correr risco de morte do que entender o próximo.
Assim sociabilizado e radicalizado, o esporte contribui cada vez mais para que, por exemplo, futuros executivos atuantes em empresas de um mercado cada vez mais "voraz" e exigente, saiam-se melhores, pois ali se aceita que os partícipes "comam-se uns aos outros". A terminologia explica em parte, se percebem, porque tanto se prega a paz e não se obtém.
A violência hoje vem embutida disfarçadamente no que é apenas vistoso, em detrimento daquilo que deveria ser útil, bem pensado e prioritário. Midas tocava e fazia ouro. Hoje a mídia toca e faz robôs.
Há muitos micos nos objetos de sucesso e qualidade de vida. O esporte ainda é boa ferramenta, mas não tem um bom manual atualizado!

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