14 fevereiro 2010




A LEI DO PASSE
"As leis brasileiras são retalhos coloridos que cobrem o Povo... nu e de costas". Autor Próximo – Airton Leite de Moraes –
alerme@ig.com.br

O Brasil tem sua identidade mundial ancorada no futebol e no carnaval. Somos potências da bola e do tamborim. A bola chegou inglesa e o tamborim veio para morar no morro. A junção destas peças criou uma indústria de exportação de talentos humanos e atraiu os mercadores modernos. Reinventamos o Futebol. Criamos o Samba. Por extensão, a Seleção Brasileira de Futebol e os Grandes desfiles de Carnaval. Os jogadores se vendem lá fora. Os (as) sambistas, por aqui mesmo.
Aqueles que têm o poder de manusear estes dois riquíssimos nichos de influência não alteraram a maneira como são administrados e, tão pouco, o pensamento indisfarçável e saudoso, dos tempos em que tudo se resumia em escravatura e/ou suprema bondade dos grandes feitores. O jogador era do clube e o clube do cartola. O Carnaval era investimento particular da jogatina e as mulatas, a sua melhor mercadoria.
A urdidura para reativar a Lei do Passe curiosamente se apresenta à Nação - ainda existe uma? – justo às portas da grande folia momesca. Tudo se repete nestes dois eventos. O nu e a ginga mostrados em público e o modo imperativo com que se pretende enquadrar os trabalhadores da bola. Décadas depois, os cartolas ainda não aprenderam nada diferente do que sempre fizeram. A farra deles continua. A melhora dos atletas, para.
Contudo, aqueles que a Lei Pelé libertou conseguem entender, hoje, um pouco além do que os dirigentes supõem. São, sim, mais profissionais dos que aqueles que, aqui, ainda se submetem à miséria geral e coletiva. É bem possível que jogadores repatriados provoquem algum tipo de protesto, como já se comenta. Não sabemos se conseguirão ser ouvidos.
Mas é bom saber que alguns boleiros poderão dizer o que pensam do modo como são feitas certas leis. Ah, torcedor, não. Este só paga e vota!

MEMORIZANDO –
http://colunadoairton.blogspot.com

· "Saudade do nosso bate-boca... sem nenhum som!". Beijos. Amo você!
· A semana começou complicada para o futebol pelotense. Frustrou esperanças indisfarçáveis; revelou a miséria qualitativa no campo, de uns; e provocou dissertações sobre o calor, de outros. Pouca bola.
· A alteração polêmica da Lei Pelé, nem bem iniciou e já foi possível perceber que o efeito primeiro(i)mundo deu voz aos boleiros. Só quem continua a desconsiderar são aqueles que, à época, reinavam absolutos e impunham e dispunham do trabalho alheio.
· Às vezes, parece surrealismo: um dirigente de clube cobrando posição do Sindicato dos Jogadores Profissionais do RS, e um Presidente de Câmara Municipal atuando como diretor de captação de recursos (?) em clube de futebol. Um achado!
· Faz bom tempo que as leis são feitas e despejadas por acordo e (des)arranjos políticos-partidários, às vésperas de eventos populares ou recessos importantes, na Câmara Federal e no Senado. Júlio César, Felipe, Roger, Petkovic e a maioria dos jogadores em atividade dos quatro grandes clubes do Rio assinaram abaixo-assinado que promete dar o que falar. Protestam contra o projeto que altera a Lei Pelé.


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